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Notícia

Imóveis comerciais devem passar por mudanças após pandemia

Projetos de escritórios, que normalmente adotam um índice de ocupação média de 7 metros quadrados por funcionário, já estão aumentando essa taxa para 10 metros quadrados por colaborador


O home office, modalidade de trabalho adotada durante a quarentena por empresas de diversos ramos de atividades, está gerando questionamentos sobre as reais necessidades de se instalar escritórios em grandes espaços.

De acordo com pesquisa realizada pela Talenses Group em parceria com a Fundação Dom Cabral, mais de 70% das companhias entrevistadas esperam a continuação do trabalho remoto, integral ou parcialmente, após o fim da pandemia.

Com isso, como boa parte dos colaboradores continuarão trabalhando em suas residências, gastos excessivos com ocupação e locação poderão não mais fazer sentido para muitas empresas.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Odair Senra, após a pandemia certamente haverá mudanças no mercado de escritórios. “Os espaços deverão ser revistos, tanto no tamanho quanto na disposição interna e na redução de gastos com ocupação”, afirmou.

Na opinião do dirigente, os novos lançamentos imobiliários corporativos tenderão a fazer uma revisão em seus projetos para se ajustarem a uma nova forma de se viver em coletividade. “Quem compra, quer segurança. E segurança, hoje, está muito ligada às medidas de distanciamento social”, destacou.

No entanto, apesar da tendência de consolidação do home office, Senra ressalta que as grandes corporações não deixarão de priorizar as reuniões presenciais e “a troca de calor profissional”.

“Haverá mudanças no mercado, mas nunca o espaço físico da sede corporativa e de escritórios vai ser dispensado, até para mostrar segurança, visibilidade e credibilidade aos clientes”, afirmou.

MUDANÇAS

O vice-presidente de Gestão Patrimonial e Locação do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Adriano Sartori, acredita que, apesar de ainda ser muito prematuro fazer projeções concretas sobre os reais impactos do home office no mercado imobiliário corporativo, certamente haverá mudanças no setor.

“As empresas que, mesmo com setores em home office, precisarem trabalhar presencialmente, no protocolo de retorno de suas atividades, deverão seguir regras de distanciamento mínimo entre as estações de trabalho”, disse.

Segundo Sartori, em geral os escritórios adotam um índice de ocupação média de 7 metros quadrados por funcionário. “Já constatamos empresas solicitando projetos aumentando essa taxa para 10 metros quadrados por colaborador”, contou. “Outra demanda, devido à necessidade de distanciamento entre as mesas, é por imóveis adicionais para comportar todos os funcionários”, completou.

Em um curto prazo, os espaços de uso comum dentro das empresas, como refeitórios, cafeterias e academias, por exemplo, também terão que mudar suas configurações internas.

Para Sartori, esses espaços não deixarão de existir. No entanto, eles terão que ser adaptados. “Restaurantes que servem comida por quilo, por exemplo, talvez comecem a trabalhar com pratos feitos. Os ambientes deverão ser mais arejados e o mobiliário utilizado priorizará superfícies mais lisas e com menos metais”, afirmou.

ESTAGNAÇÃO

O dirigente do Secovi-SP acredita que a quarentena e as eventuais mudanças no mercado imobiliário corporativo não trarão um cenário de crise para o setor, mas sim de estagnação no crescimento.

“A cidade de São Paulo tem 13,5% de vacância em escritórios. Um ano atrás esse índice era de 19%. Portanto, como a oferta está bem restrita, não podemos dizer que haverá uma crise no mercado”, explicou.

Sartori também reforçou que ainda é cedo para afirmar que a taxa de vacância aumentará se muitas empresas optarem pelo sistema de trabalho remoto. “Isso vai depender de quanto tempo mais durar a crise”.

Atualmente, segundo o dirigente do Secovi-SP, as imobiliárias estão renegociando as locações de cerca de 30% dos imóveis comerciais. Dependendo do nicho de mercado, esse valor chega a 50%. “Para lojistas impedidos de funcionar, o índice chega a quase 100%, com 80% de acordo amigável entre as partes”, concluiu.