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FGV: 33% das empresas mantém home office e período remoto aumenta

Como aponta a Fundação Getúlio Vargas sobre Tendências do home office no Brasil, a depender do setor, a proporção de colaboradores em trabalho remoto pouco se alterou entre 2021 e 2022, o que sugere que as empresas que mantiveram a prática tenham aumentado o número de trabalhadores em regime remoto.

Enquanto em 2021 57,5% das empresas afirmam ter adotado o modelo home office no Brasil, de forma parcial ou total, esse percentual diminuiu para 32,7% em outubro de 2022. A Indústria e o Setor de Serviços, que haviam se destacado durante a pandemia, quando atingiram proporções de adoção de home office por 72,4% e 65,5% das empresas, respectivamente, reduziram o uso do trabalho remoto para 49% e 40,3%.

Mas como aponta a Fundação Getúlio Vargas sobre Tendências do home office no Brasil, a depender do setor, a proporção de colaboradores em trabalho remoto pouco se alterou entre 2021 e 2022, o que sugere que as empresas que mantiveram a prática tenham aumentado o número de trabalhadores em regime remoto. Hoje, o maior percentual foi registrado na construção (40,9%) e o menor no Comércio (13,4%). No ano anterior essas proporções haviam sido de 23,3% e 11,2%, respectivamente.

O setor de Serviços foi o que efetivamente teve redução na proporção do home office entre 2021 e 2022 - de 33,8% para 27,8% das empresas. No geral, o percentual de trabalhadores com algum dia em home office passou de 55,5% em 2021 para 34,1% em 2022.

Segundo a FGV, de uma maneira geral, as empresas esperavam, a partir da normalização dos negócios com o fim da pandemia de Covid-19, que o modelo de home office diminuísse significativamente, o que efetivamente não aconteceu. Ao contrário, ele cresceu nas áreas operacionais de 1,1 dia por semana em 2021 para 1,6 dia em 2022 e a perspectiva é que fique em 1,4 dia no futuro.

Há diferenças perceptíveis entre os segmentos dentro dos grandes setores. No setor de serviços, 89,5% das empresas do segmento de Serviços de Informação e Comunicação adotaram ou já adotavam algum tipo de trabalho remoto em 2021. Atualmente esse percentual continua alto, mas caiu para 74,2%. Nos Serviços Prestados às Famílias, em que o uso do home office alcançou 36,7% das empresas durante a pandemia, a prática caiu a 12,8% em outubro. Entre os Serviços Prestados às Famílias a maior redução do uso de home office ocorreu nos Serviços de Acomodação.

A FGV lembra que trabalhar de casa não é um fenômeno que teve início na era da pandemia. Segundo um estudo de 2021, a parcela de trabalhadores remotos no total da população ocupada dobrava a cada 15 anos antes de 2020. Mas o crescimento desta prática durante a pandemia foi equivalente a 30 anos de crescimento pré-pandêmico.

Nesse estudo anterior, [Barrero, Bloom e Davis (2021)], mostraram que nos EUA havia desigualdade nos trabalhos remotos. No grupo de pessoas com maior escolaridade se obtinha um percentual maior de pessoas que recebiam para trabalhar de forma integral em casa. Ao longo da pandemia, 63,4% das pessoas com graduação trabalhavam de casa integralmente, um número que caiu posteriormente a 30,7%. Enquanto o uso de home office por pessoas que não possuíam ensino médio completo caiu de 24,6%, durante a pandemia, para 12,8%.

No Brasil, essa desigualdade também pode ser notada nos dados da Sondagem do Consumidor do FGV IBRE. Das pessoas que estavam trabalhando, foi observado que o home office é predominante nas categorias salariais mais elevadas. No grupo de pessoas de renda mais baixa, 82,8% das pessoas estavam com trabalho totalmente presencial em outubro de 2022. Quando se olha na faixa de renda mais alta, o percentual de trabalho presencial ou em home office quase se equivalem.

Outra questão abordada na pesquisa com as empresas foi em relação à percepção dos impactos na produtividade. Em 2021, cerca de 21,6% das empresas que adotaram home office observaram aumento na produtividade dos colaboradores enquanto 19,4% apontavam redução. Em 2022, a proporção de empresas que notaram aumento da produtividade de seus colaboradores aumentou para cerca de 30%, 8 pontos percentuais a mais do que no ano anterior, enquanto as que avaliam que houve perda de produtividade diminuiu para 10,2%. Esse saldo positivo na percepção da produtividade de 2,2% em 2021 para 19,5% em 2022 foi influenciado pelas respostas nos setores industrial e de Serviços. Na Construção, houve aumento da proporção de empresas que vêm observando queda na produtividade.

O ganho ou perda de produtividade também foi mensurado: as empresas reportam 23,0% de aumento médio na produtividade em outubro de 2022 contra 20,7% em setembro de 2021. Entre os que apontaram redução da produtividade, a taxa média de queda foi de 15,4% em 2022 contra 20,6% em 2021. Esse padrão simétrico ocorre nos principais setores, mas não dentro dos segmentos. A magnitude dos ganhos de produtividade cresceu na Indústria, ou seja, as empresas desse setor observam um aumento de produtividade de 30,4% em 2022 (contra 25,2% em 2021). Enquanto isso, no Comércio foi percebido uma perda de produtividade da ordem de 20,2% em 2021 e de 26,3% em 2022.

Produtividade e número de dias no regime remoto são alguns pontos em divergência entre empresas e seus colaboradores. Como vimos acima, entre as empresas, apenas 19,5% consideram ter ocorrido aumento na produtividade com a adoção do home office. Já entre os trabalhadores, a maioria se considera mais produtivo no trabalho remoto.