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CVM acompanha à distância debate sobre concentração

Como existem regras que tratam de conflitos de interesse e impedem a contratação de determinadas firmas por algumas empresas

Autor: Fernando TorresFonte: Valor Econômico

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem acompanhado as discussões que ocorrem em nível global sobre a concentração no mercado de auditoria em quatro grandes firmas, as "Big Four", especialmente por meio de um convênio com órgãos reguladores britânicos, que estão mais avançados nos estudos do tema.

Além da questão da competição, uma das preocupações que existe é o que ocorreria no mercado caso alguma das quatro - PwC, Deloitte, Ernst & Young e KPMG - deixasse de existir, como ocorreu com a Arthur Andersen há poucos anos.

Como existem regras que tratam de conflitos de interesse e impedem a contratação de determinadas firmas por algumas empresas, há o entendimento de que poderia faltar auditoria para atender todas as grandes companhias.

Segundo Alexsandro Broedel, diretor da CVM, logo após o fim do processo de convergência contábil para o IFRS, a questão da supervisão da qualidade do trabalho de auditoria será um dos focos principais da autarquia. "Vamos dar mais atenção a essa área no futuro", diz, citando a escassez de recursos para atender todas as questões ao mesmo tempo.

Em relação à concentração de mercado, Broedel ressalta que trata-se de um fenômeno global e que, por isso, qualquer proposta de regulação também tem de ser mundial. De qualquer forma, ele afirma ainda não ter uma avaliação sobre a predominância das quatro grandes do setor.

"Não sei se temos um problema e se há alguma solução", diz, lembrando que há cerca de 15 anos, quando estava na faculdade de contabilidade, os alunos queriam trabalhar em alguma das "oito grandes" do mercado.

Para Charles Krieck, sócio líder de auditoria da KPMG, a existência das "Big Four" não é um problema. "É uma opção do cliente. Existem muitos mercados em que não existem cinco ou seis opções", afirma.

Henrique Luz, sócio da auditoria PwC, também defende que a escolha seja dos clientes. "Temos um mercado livre, em que as empresas escolhem. E não tem ninguém bobo. Elas avaliam a capacidade [da firma contratada] e a conveniência para eles", afirma.

Raul Corrêa, sócio da Crowe Horwath RCS, uma firma de pequeno porte, vê a concentração de mercado como natural nos últimos anos. Para ele, ou as firmas menores de auditoria crescem ou se tornarão butiques.